segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Música renascentista espanhola: Luys de Narváez - II

A contrarreforma e a pujança do império espanhol do católico Carlos V geraram um rico cenário cultural, marcado por intensa religiosidade, misticismo e um certo "saudosismo" dos tempos medievais. É nesta Espanha que surgiriam figuras como Tereza D’Ávila – que, entre campanhas de assistência aos pobres, escrevia poemas e orações e tinha êxtases espirituais – e Don Quijote – o famoso personagem de Miguel de Cervantes que enlouqueceu de tanto ler romances de cavalaria, acreditando-se ele também um cavaleiro errante num mundo que já não acreditava em justas e gigantes ameaçadores.

Luys de Narváez (sobre quem já falamos em outro post) tomou um tema da tradição do Canto Gregoriano – o hino “a nuestra Señora” O Gloriosa Domina – e escreveu-lhe seis variações ("diferencias") para compor o 4º de seus Seys libros del Delphin de música de cifra para tañer vihuela. Como se não bastasse o clima fortemente místico de sua música – altamente inspirada na do compositor franco-flamengo Josquin des Prés, um preferido de Carlos V –, Narváez, ao escolher este tema, deu-lhe um tratamento de seriedade e erudição que jamais deixa de provocar um senso de contemplação no ouvinte, em que pese a variedade textural que ele cria a partir do material tão tipicamente simples deste hino medieval.

É música para fazer parar o tempo, apaziguando os pesadelos de um Don Quijote – ou abrindo os céus de uma Tereza D’Ávila...

Esta música, que abre o programa de nosso recital, causou sensação no Centro Cultural Alto Vera Cruz, no dia 20/10/2011; e no próximo domingo (30/10/2011) ela será apresentada no Centro Cultural Pampulha, dando prosseguimento à circulação do “Elegia ao violão” por BH.
Acima, esculturas em bronze de Don Quijote e Sancho Panza, que Lorenzo Coullaut Valera executou na década de 1920 em Madrid; e ao lado, o famoso Estasi di Santa Teresa de Bernini.
Como amostra, deixamos um exemplo da música de Luys de Narváez: uma de suas Fantasias.

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Ricardo Marçal

Ricardo Marçal

O violonista belo-horizontino Ricardo Marçal (29) tem se dedicado a uma crescente agenda de concertos pelas mais diversas regiões do Brasil, cativando a simpatia do público e atraindo a atenção de meios de imprensa como os programas “Violões em Foco” e o tradicional “Música e Músicos do Brasil”, ambos da Rádio MEC-FM. É bacharel em Música pela UFMG na classe do professor Fernando Araújo, foi bolsista do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão por dois anos, prossegue seus estudos regulares como aluno particular do aclamado violonista Fábio Zanon e, a convite do maestro Oscar Ghiglia, tem se aperfeiçoado nos cursos anuais de verão da Accademia Musicale Chigiana de Siena, na Itália. Como solista tem se apresentado regularmente em importantes séries por Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia e São Paulo. Seus projetos para 2012 incluem a 2a temporada do projeto "Elegia ao Violão", uma nova turnê com o quarteto de violões Corda Nova, do qual é membro fundador e uma turnê estadual com o Quarteto de Cordas da família Barros. Como pesquisador, Ricardo está elaborando um trabalho de pesquisa sobre o repertório de música de câmara com violão do início do séc. XIX em parceria com o historiador Gerson Castro e é professor dos cursos de história da música e apreciação musical da Academia de Ideias. Além disso, coordena a criação de uma série de música de câmara nos municípios mineiros de Betim, Brumadinho, Contagem, Crucilândia e Esmeraldas. (4/2012)

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